quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Problema na facul: Por favor me ajuda... preciso de ajuda

Passado concurso do TST,
passado flerte de cursinho,
passado vestibular da federal,
passado transe de carnaval,
tava de volta a minha vida cotidiana: mundo universitário da faculdade.
Tava na hora de retornar a facul, depois de umas férias e algumas aventuras.
Voltei à faculdade.
Terceiro período do curso de Administração, semestre 2008.1.
O currículo normal são seis disciplinas.
Mas, decidi matricular-me em apenas cinco.
Matriculo-me em uma de informática, outra de rh, em uma de custos, uma de comunicação administrativa e mais uma ciência política.
As quatro primeiras à tarde e esta última à noite.

No turno vespertino, tava com minha turma que iniciei na faculdade, conhecidos, etc.
Isso foi positivo apenas para uma disciplina.
Em relação a maioria eu tive problemas pra frequentá-las.

É que volta o medo do bicho-homem.
Na verdade, isso foi o que sempre tive.
Só que tava virando fobia.

Detalhando:
Na disciplina de informática, o professor faltava muito (não sei quem faltava mais, se ele ou eu).
E, devido a eu ter faltado às aulas iniciais, quando queria assistir às demais aulas, já estava na época dos trabalhos.
E aí já era tarde.
Decidi não mais frequentá-la (nem tinha frequentado mesmo).
Além de que, o professor não valorizava a disciplina.
Iniciei custos numa boa.
Mas, a primeira prova provou que eu não tava entendendo nada.
Tirei uma nota abaixo da média.
E, daí pra desistir da disciplina, ainda mais se tratando de cálculo, foi só um passo.
Em comunicação administrativa, eu não sei o que deu em mim que eu decidi não fazer a disciplina.
Acho que foi algo parecido com a de informática.
Acredito ter faltado no início e depois ficou difícil de acompanhar.
Mas, não me recordo os motivos exatos da desistência da disciplina.
Enfim, esse período foi trágico.
A matéria que consegui levar numa boa foi a de rh.
Foram uma prova mais dois trabalhos como avaliações.
Fi-los numa boa e tive um bom controle das faltas.
Nela contei com a ajuda de uma amiga e encarei a turma numa boa.
Engraçado levar uma disciplina de vento em poupa e reprovar em tantas outras.
De fato, eu percebi que isso é mais comum do que se imagina na faculdade.
Mas, no meu caso, tinha certos motivos.
Um deles era a fobia social.
Daí o motivo para eu ter faltado e reprovado na maioria das disciplinas.
Agora falarei da derradeira: Ciência Política.
Cursei num turno diferente do meu.
A fiz no turno noturno, com uma turma de desconhecidos.
Nas primeiras semanas fico na minha e funciona.
Na minha faculdade são três avaliações por período.
Blz, a primeira avaliação da disciplina foi uma prova escrita e individual, com base num texto.
Saio-me bem.
A segunda avaliação foi o desenvolvimento de um trabalho.
Era uma atividade a ser realizada em grupo, uma espécie de seminário.
Como conhecia algumas garotas do turno vespertino (o mesmo que o meu), me junto a elas para desenvolver a atividade.
Feita a divisão do trabalho para sua elaboração, o trabalho escrito foi bem ecaminhado e feito.
Chegava o momento de apresentá-lo.
Lembro-me que sempre ficava na minha nas aulas, principalmente à noite, onde não conhecia quase ninguém.
Na hora da apresentação do trabalho, tenho uma certa desenvoltura na apresentação.
Falo bem, me expresso e tansmito as ideias inerentes ao conteudo do trabalho.
Depois da explanação da equipe é chegada a hora da discussão em classe sobre o tema tratado pela mesma.
É aí que uma confusão se transforma num trauma.
A professora iniciou os debates e dirigiu-se à equipe da seguinte maneira: " - As meninas ..."
Obs: a equipe era de 4 ou 5 meninas mais eu.
Ela insistiu nessa colocação.
A turma riu, e eu fiquei totalmente desconcertado.
Lembro até que um aluno comentou: " - Oh, a profesora te chamou de menina."
Pensando bem na forma como agi no momento e falando disso com uma psicóloga mais tarde, a psicológa me perguntou: " - E você não corrigiu ela?"
E eu disse à psicóloga: " - Não."
Não sei se tendo ficado inerte no momento fazia eu concorda impliciamente com a colocação da professora.
Podia sim, ter corrigido a professora no momento, ou ter rido da situação.
Ter até mesmo descontraído.
Mas, fiquei inerte e estarrecido com a situação.
Pior, isso gerou uma angústia em mim.
Talvez alguns aqui levariam numa boa, ririam da situação, ou não, se ofenderiam mesmo, ou essa situação geraria dúvida.
Sei lá que reação teriam.
Eu só sei que essa foi a minha reação, de vergonha, estarrecimento.
Eu fiquei inerte e hoje busco explicações pra minha reação.
Mas, mesmo que as encontre, nada vai me fazer voltar no tempo e mudar o que aconteceu.
E, olha que eu creio em algo parecido com regresão.
Mas, ao pé da letra, não haveria como voltar no tempo e mudar a forma como reagi.
Talvez entendê-la já seria um bom passo.
O fato é que não deu outra: raramente aparecia nas aulas à noite, deixei de fazer a terceira avaliação da disciplina, e reprovei por falta e pontos.
A aprovação dependia de três avaliações.
Mesmo com chances de passar na disciplina, não fiz a terceira avaliação.
Nada me faria voltar àquela turma.
Essa situação na facul me deixou inquieto.

Na verdade foi o ápice de uma sucessão de outros fatos.
Queria respostas.
O porquê dessa confusão?

Será que eu não tinha traços masculinos a ponto de ser confundido com uma garota?
Ou, será que minha expressão verbal se assemelhou a de uma garota para a professora?
Me comportava como tal?
Será?
Esse foi o estopim em mim de muitas dúvidas.
Vou-lhes dizer o porquê:
A bola de neve já vinha se formando em mim há tempos.
Desde pequeno me achava diferente dos outros garotos.
Desde guri não era de estar em grupo de meninos.
Sempre fiquei na minha.
Tinha amigos homens, melhores amigos, e formava dupla com eles.
Mas nada de colegismo ou bando de amigos na rua.
Nada de molecagem, pirraça, algazarra e peripécias, como os outros meninos da rua faziam.
E olha que eu tive infância.
No ensino fundamental não era de jogar bola.
E, nunca fui.

Na 5ª série tive amigos homens. Uma coisa mais de molecagem nessa época.
'Surfava' em ônibus e tudo mais.
Na 6ª série também tive um grupo de amigos homens, de trabalho de colégio e fora dele também.
No ensino fundamental eu era o CDF, pouco esportivo.
Mas até a 6ª série tinha amigos.
(Talvez isso se encaixe no post anterior em que escrevi que queria, ouvindo música de carnaval, retornar a viver desse jeito - "regredir" ao comportamento desses bons anos.)
Mas, acho que é por volta dessa idade que as coisas começam a acontecer. Aos doze.
Depois da 6ª série tinha mais amigas que amigos.
A amizade com garotas cresceu.
Via as garotas com proximidade e os garotos com distância.
Acho que sempre foi assim.
Ficava distante dos antigos amigos, mas saudoso dos velhos tempos.
No ensino médio, futebol continuava zero.
Tive um melhor amigo, uma melhor amiga, outros colegas homens e mulheres, e amigas.
Vivia uma real de afastamento das pessoas.
Era a fobia social.
Mas, quando me aproximava da pessoas, era mais das garotas que dos garotos.
Eu me achava sempre diferente dos demais garotos no ensino médio.
Chega a época da facul.
Consigo um grupo de amigos homens novamente.
Mas eles trancaram o curso.
Fiquei na penumbra, só.
Daí me juntei a garotas na turma.
Acho que elas sempre foram mais familiares a mim que garotos.
A apresentação do trabalho na facul foi o ápice.
Ser confundido com uma garota, sendo eu um garoto.
Não, tinha alguma coisa errada.
Ou com quem fez a confusão, ou comigo.
Parti logo para a segunda hipótese: algo errado comigo.
Na época nem levei em consideração que o problema fosse com a professora.
Levando em consideração meu histórico de dúvidas vividas e acima descritas, parti logo para uma investigação sobre a minha pessoa.
Para tirar minhas dúvidas precisava de ajuda.
Não conseguia resolver o problema só.
Faltavam incógnitas para resolver a equação.
Sem falar, desses 'transes' ou saudosismos da infância que pareciam rotina.
Me sentia estranho, diferente.
E, essa sensação de transe era forte.
Ajuda psicológica era recomendável.
Tinha um saldo da viagem à Brasília e da prova do vestibular.
Resolvi então tentar buscar ajuda.
Começei a procurar ajuda pscicológica e uma terapia iria iniciar.
O problema na facul da confusão de gênero durante o trabalho foi só o início.
Início de um tratamento e ápice de uma vida.
Muita água ia rolar.
Muita coisa acontecer.
E contarei boa parte delas (se lembrar) aqui.
Serão meus registros.
Os registros de momentos impressionates da minha vida, que serão assunto dos próximos posts.

Um comentário:

Anônimo disse...

Me identifiquei bastante com você... eu sou muito reservado, não sou de fazer amigos e me considero bem diferente dos outros caras da minha sala (estou no 2º colegial), não sei jogar futebol e meus amigos são mulheres na maioria. Acho interessante que você está tendo essas confusões agora, depois de entrar na faculdade. Geralmente isso acontece na adolescência, mas nessa época vc só se considerava diferente...
Eu comecei a ficar complexado quando tinha 13,14 anos e ainda continuo haha Mas eu mesmo procurei uma psicóloga, e ela é muito serena também, me ajudou a ser menos ansioso e me aceitar melhor.
Espero que consiga refletir,perder esses medos, tirar as suas próprias conclusões e se amar. Sua psicóloga vai te ajudar :)
Grande abraço!