terça-feira, 15 de novembro de 2011

Flashback - De Volta à Capital Federal

Depois de um parênteses e mais uma pausa das postagens sobre a minha viagem e tendo falado um pouco do presente, também não tão perto asssim, chega a hora de retomar o curso da história: voltar a falar da viagem que fiz a Brasília.
Relembrando: viajei a Brasília em fevereiro de 2008.
Acho que os motivos dessa viagem ainda não tinha deixado claro, mas vou lhes dizer, eram dois: o primeiro conseguir um bom emprego em outro estado e viver a minha vida sem interferência de parentes, isso significaria permitir minha sexualidade existir sem barreiras; e o segundo motivo era juntar uma grana para cursar medicina (mesmo ainda não tendo passado no vestibular), arcar com as despesas durante o curso que tanto queria.
Não consegui nenhum nem outro, e nem ser aprovado no concurso, mas valeu a experiência.
Enfim, passei um final de semana em Brasília.
Viajei na sexta, cheguei no sábado e voltei no domingo.
Já contei aqui como foi a viagem, a manhã e a tarde de sábado.
É chegada a hora de descrever como foi a noite de sábado.
Continuarei minha descrição a partir daí.

"Depois de ter almoçado e conhecido o local de prova,
depois de ter banhado e trocado de roupa, hora do rango.
Fui, evidendemente, aonde tinha almoçado, só que estava fechado: sábado à noite,
nada de atender demanda extra concurseira de outros estados.
Então, fui à um fast-food.
Rapah, eram tantos que ficava difícil escolher um.
Voltando a tal questão da viabilidade econômica,
escolhi um que possivelmente fosse barato.
E aí, escolho um modesto, mas que oferece boa alimentação.
Fiz o pedido e esperei para poder comê-lo.
Percebo, mais uma vez, a teia social que é peculiar de Brasília: uma família chegou para ter sua alimentação noturna e cada um fez o seu pedido - e essa civilidade é notória com palavras tipo: "você", "mas, mãe", "por favor", "obrigado", "eu quero".
"Você", usado pela mãe para tratar a criança como indivíduo;
"Mas, mãe" a criança usa para demonstrar opinião contrária, mas respeitosa;
"Por favor" usado entre cliente e funcionário;
"obrigado" usado entre todos, entre pais e filhos, entre cliente e funcionário;
  E, "Eu quero" usado para demonstrar desejo.
Mas crianças utilizando demonstram uma certa autonomia e escolha.
Esse linguajar todo eu observei no fast-food de Brasília (sou muito obsevador).
À noite também, quando fui a uma Lojas Americanas perto da pousada,
percebi um consumo consciente de produtos e essa teia de civilidade do povo brasiliense e educação novamente,
principalmente entre os funcionários e os clientes,
tudo muito respeitoso.
Lá reparei na questão de escolhas balizadas, fila, ordenança e regralidade,
assim como utilizar palavras para conversar
e efetivar compras e em consumirem de modo consciente, porém de forma prazerosa.
Era de uma civilidade e uma teia social marcante.
Parecia que a conversa, a fala das pessoas, se encaixavam.
Interessante.


Bom, depois de jantar e observar os brasilienses,
volto à pousada, vou para o quarto, deito-me,
e escuto as especulações dos concurseiros sobre a prova que farão na manhã seguinte.
(Novamente escuto, assim como quanto a origem dos estados dos concurseiros, as especulações estando eu trancafiado no meu quarto no subsolo e a galera conversando no térreo. Ouvi, sem ver, nem interagir.)
Depois de escutar e a noite tardar, resolvo dormir.
No outro dia a prova derradeira e o retorno pra casa.

Acho que já posso adiantar o que essa viagem me proporcionou:
mesmo não tendo interagido com quase ninguém,
percebi o quanto os lugares e as pessoas são diferentes.
Acho que essa percepção sobre a civilidade me atraiu muito.
E, essa observação sobre o outro me abriu os olhos e o horizonte.
Mas, eu retornaria pro meu mundo.
E, esse pequeno enorme desejo de viver de modo diferente retornaria a algum canto escuro do meu ser.
Olhando o hoje, dou outro significado além desse à viagem.
Um deles é que talvez essa seja uma palhinha do meu futuro, e eu volte à Brasília daqui há alguns anos.
Quem sabe?

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